Hoje apetece-me escrever sobre tudo e sobre nada. Hoje apenas sei que me apetece escrever. Já há tanto tempo que assim não me sentia. Hoje as palavras voam directamente do meu coração para o papel. Hoje não manda a razão, simplesmente porque não quero. Também não me interesso se algum dia estas palavras farão sentido a alguém, mas que interessa isso? Simplesmente nada. Não escrevo para agradar aos outros, embora goste de ouvir elogios e críticas; escrevo para me sentir leve, para poder fechar o caderno e sentir que me soltei, sentir liberdade. Quando escrevo, transporto-me para outros mundos, para outros sentimentos, recordo momentos antigos, até simples lágrimas correm o meu rosto quando escrevo. Nem sequer sei sobre que escrever, mas sei que à medida em que vou inserido uma vírgula, várias ideias ecoam já na minha cabeça, mas não! Hoje não quero escrever com a razão. Quero sim escrever com o coração. Talvez uma simples melodia que só o meu entenda, porque no fundo o que escrevo acaba de uma certa forma de ser apenas de mim para mim. Uma prenda melhor que qualquer outra coisa que me possam oferecer, pois nunca ninguém me vai poder oferecer a liberdade de que o meu corpo tanto precisa. Mas sei que há uma pessoa que me pode oferecer liberdade, mas uma liberdade diferente. A liberdade da minha alma. Essa pessoa cada dia me vai oferecendo um pouco mais dessa liberdade. Liberdade um pouco estranha, devo dizer; parece que este tipo de liberdade funciona ao contrário, quanto mais liberdade ele me dá, com mais vontade fico de querer ficar com ele até ao fim dos meus dias, até mesmo depois disso. Ele tal como a escrita faz-me sentir leve, deixa-me ir até às nuvens com ele, neste momento as nossas almas saíram dos nossos corpos e encontraram-se alguns metros acima de nós a voar. Nós temos o nosso próprio mundo. Sei que um dia iremos encontrar uma espécie de cabana e aí saberemos que já não precisaremos de voar mais, aí saberemos que já ultrapassamos todas as barreiras e obstáculos juntos e que poderemos ficar naquela cabana eternamente, finalmente já não teremos de enfrentar ventos gélidos e ventos outonais – que são os piores, pois trazem consigo pequenas coisas que nos dificultam o voo – mas sei que ainda virá todos os dias de manhã, a suave e apaixonada brisa da primavera com um cheirinho a verão. Sei que quando a sentir-mos, cada dia de manhã, vezes sem conta, nos aperceberemos de tudo outra vez, do quanto tivemos de lutar para conquistar tudo aquilo, sei que nos beijaremos como da primeira vez, que daremos as mãos como da primeira vez, faremos tudo como se fosse a primeira vez, apenas com uma ligeira diferença, aquele medo, aquela insegurança, aquela pontinha de vergonha, desaparecerão, pois aí já nos iremos conhecer há tanto tempo, que saberemos tudo acerca um do outro, já não terei medo de te perder, nem tu a mim; pois aí saberemos que isso jamais acontecerá, podia vir um batalhão de pessoas que continuaríamos a meter as mãos no fogo um pelo outro, continuaríamos a acreditar um no outro, pois aí o nosso coração já falará mais alto do que fala agora; aí já não precisaremos de falar tanto com as palavras, pois ao longo do tempo sei que nos iremos adaptar a ouvir e a conhecer o coração um do outro. Mas existirá uma palavra que nunca nós cansaremos de dizer, essa palavra será sempre “Amo-te”. Sei que somos eternos e sei que já te amava mesmo antes de te ter conhecido, pelo menos nesta vida. Sei que és a minha Outra Parte, e que numa outra vida ambos já pertencemos à mesma alma, à mesma pessoa; já estivemos num corpo apenas, e estamos outra vez a caminhar nesse sentido. Sei que já tiveste um pouco de alguém do que eu fui um dia, tal como eu tenho algo do que tu alguém foste um dia. Sei que um dia vou ver um ponto brilhante em cima do teu ombro esquerdo. Já o vejo, não com os olhos, mas sim o coração, com a minha alma. Quero continuar a voar contigo até ao fim de todos os tempos. Amo-te tanto FARG, posso não saber a origem do mundo, posso até nem saber nada, mas duma coisa eu tenho a certeza, eu Amo-te.