just dream ...





Parei. Parei para saborear o leve vento que de debatia contra o meu corpo e fazia os meus longos fios de cabelo esvoaçar. Respirei aquele ar; aquela aragem, doce e suave. Mas somente me trouxe lembranças. Inspirei-as; respirei-as. Por fim, devorei-as. Digeri-las. Ficou a dor. Só sinto o coração dilacerar e desfazer-se em mil e um cristais de puro amor. Agacho-me. Abraço o peito. Embalo-me. Tento acalmar a dor. Inspiro; expiro: mas só consigo respirar esse ar poluído por imagens que quero descartar. Abraço-me ainda com mais força. Deito-me no chão; a relva roça-me a cara. Acalma-me; apazigua-me. Volto a inspirar. Volta a dor. Mas sou forte. Dói. Volto a agachar-me, insegura e lentamente. E, do mesmo modo, volto a colocar-me em pé. Volto a inspirar. Vacilo; mas não volto a cair. Respiro uma e outra vez. Inspiro as lembras, expiro a dor. Dou um passo. E outro. E outro. E prossigo meu caminho. Continuo a respirar aquele ar negro. Continuo a sentir o coração a gritar com as dores de todas as feridas que ainda não cicatrizaram. Continuo a mover.

Lentamente, abandono aquele campo verde, repleto de vida; devagar, deixo para trás aquele ar impuro. Despeço-me dele. Prometo-lhe não voltar lá mais. Dou mais uns passos. Continuo a sentir a dor. Continuo a mover-me. Seguro no meu coração - ou no que resta dele. Não volto lá mais.